segunda-feira, 30 de maio de 2016

Crianças americanas quase não assistem TV e não tem celular (e isso é ótimo)



Faz um tempinho comecei a trabalhar como part-time nanny (babá) e babysitter aqui em San Francisco. Para diferenciar as coisas e dar um contexto, babá é aquela que vai sempre na casa da criança, se envolve com a rotina dela, educação, com cuidar dessa criança de forma consistente. Babysitter é uma pessoa que vai na casa de uma criança para ficar com ela por algumas horinhas só, geralmente por que os pais precisam sair ou resolver alguma coisa e querem alguém só para entretâ-las e cuidá-las enquanto eles cuidam da suas vidas.

Enfim, desde que comecei a trabalhar com crianças, já conheci mais de 10 famílias diferentes aqui. Diferentes no sentido literal: algumas tem regras bem restritas, outras são bem relax. Diferentes hábitos, culturas, costumes. Mas uma coisa que notei em comum em 90% delas é: crianças tem limite de tempo para assistir TV (ou usar o tablet, celular). E isso é ótimo.

Por limite de tempo, entenda-se não mais que 30min por dia. Só. Nào é 30min de Nextflix na tarde e mais um videozinho na hora de almoçar e outro na hora de dormir. É no máximo (máximo mesmo) 30min para assistir aquele desenho que elas mais gostam ou o vídeo sobre o assunto favorito no Youtube.

E sabe como elas passam o resto do tempo?  Brincando. Lendo. Fazendo alguma tarefa, um projeto.  Quando não se tem acesso livre à TV ou internet, criança passa o tempo sendo, bem, criança. As menorzinhas exploram ao máximo os seus brinquedos e livros. Isso não quer dizer que elas tem um quarto cheio dos brinquedos mais high-tech e caros. A maioria passa o tempo com massinhas de modelar, legos, bichinhos de pelúcia..  E quando querem algo mais relax, pegam um livro e lêem. Ou ouvem os adultos lendo. E realmente passam a se interessar por isso.

Hoje estava lendo este post aqui no Facebook sobre um bancário que ficou fascinado que os filhos de seu cliente estavam lendo o tempo todo que estavam esperando pelo pai resolver alguma coisa na agência.  Pensei: é exatamente isso - essas crianças não tem um celular para passar o tempo por que os pais não tem condições de comprar um Iphone, e sim por que os pais optaram por não fazê-lo - e isso é a melhor coisa que eles podem fazer pelos seus filhos.

Cuido de uma menininha amadíssima de 2 aninhos, que está aprendendo 3 linguas diferentes e não assiste TV, exceto por um programinha de 20min uma vez por semana. E sabe o que ela mais adora fazer, todo o tempo que está em casa?  Olhar para seus livros e ouvir os adultos contando histórias.  Toda a semana se faz uma visitinha na biblioteca pública e se aluga livrinhos novos para ela e ela adora.  Alguém tem alguma dúvida de o quão esperta ela vai se tornar, o quão fácil vai ser para ela assimilar informações, se concentrar em um assunto, ser criativa e atenta?

Ou seja, o estimulo a criança a brincar e o incentivo a ler desde cedo é muito forte aqui. E isso não tem nada a ver com o tempo disponivel ou dinheiro e sim a manter um hábito (e se controlar) para que o screening não vire rotina. Se desde cedo a criança é estimulada a ler e a brincar com seus brinquedos, o celular e a TV não fazem parte da rotina, e elas não sentem falta disso. O tempo é preenchido de outras formas, muito mais estimulantes. E com certeza se desenvolvem crianças mais capazes de se focarem em outras atividades e muito mais preparadas para o mundo real.

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